Nega da Capoeira

Cultura Afro Brasileira

Sobre mim

SILVANA DOS SANTOS DOMINGUES, nascida em São Vicente – São Paulo, no dia 27 de janeiro de 1966, filha do Senhor Darci Joaquim Domingues e da Senhora Odete dos Santos Domingues, ambos já falecidos.

Viveu uma infância muito sofrida, viu a mãe sofrer com violência doméstica. Teve um pai machista e racista. Cresceu com 5 dos 6 irmãos, uma irmã veio a falecer ainda bebê.

Ainda na infância, quando sua mãe perdeu a guarda dos filhos, viu a mãe viver na rua, sem apoio da família.  Quando tinha 12 anos sua mãe faleceu, uma perda muito dolorosa. Viveu com o pai, muito severo, ciumento e muito agressivo com os próprios filhos.

O pai começou a deixar os filhos na casa de uma tia, onde começou o seu contato, através de uma prima com a Capoeira, via sua prima ali, concentrada jogando Capoeira, se apaixonou e quis aprender mais. Como pai não queria que ela se envolvesse com nada que remetesse a Cultura Negra, mesmo sendo negro, tinha muito preconceito com suas raízes, que não aceitava namorados negros, pois dizia que a família precisava ser “embranquecida”.

Vendo que não seria fácil o seu envolvimento com a Cultura, um dia, saiu para ir ao mercado, seguiu seu caminho e só retornou para família anos depois. Seguiu seu coração, começou a jogar capoeira, fazer parte de conselhos da Cultura Negra, dançava Afro, Maculelê, Samba de Roda no Teatro Senzala, onde saia para fazer diversas apresentações de dança, nessa época passou a ser conhecida como ‘Nega da Capoeira’.

 

Anos depois enquanto ainda morava em Santos, retornou a sua família, e viu que a indiferença ainda morava ali, mesmo com um abraço do pai, que a fez entender que precisava continuar seguindo seu caminho.

Passou a se envolver mais no Movimento Negro e também na Capoeira.

Se desgarrou da família, trabalhando e morando em casa de família, para poder ter sua liberdade.

Se espelhou muito em Alzira Rufino, mulher, militante da Causa Negra, encontrando na sua história de vida, forças pra continuar.

Entrou para uma Academia de Capoeira, um dos Mestres viu seu potencial e sua garra e a levou para Associação de Capoeira Senzala Santos, onde começou a dar aulas em troca de aprendizado também.

Enquanto os Mestres de Capoeiras começaram a ir embora do Brasil, mesmo tendo a oportunidade de ir pra França,  ela resolve ficar no Brasil e entende que precisa participar mais das causas sociais, ensinar mais aos jovens.

Começou a namorar e em 1989 engravida do seu primeiro filho Noah Lamin dos Santos Domingues da Silva, e a partir do nascimento do seu filho, começou a ver que precisava mudar para um lugar mais tranquilo, sem violência e onde pudesse ajudar as pessoas.

1991 mudou-se definitivamente para a cidade que tanto ama, fincando aqui suas raízes.

Nessa época começou a ver as crianças na rua, o que a deixava muito preocupada, passava algumas vezes com seu berimbau e começou a contar um pouco para essas crianças a história da Capoeira.

Começou a ver que precisava movimentar a causa Negra e fazer os negros participarem, serem respeitados e sentirem orgulho de suas raízes, pois via aqui o movimento do Samba, da Congada, mas não via um grupo reunido para falar mais sobre a Cultura.

Passou anos dando aulas de Capoeira, e depois introduziu um grupo de dança Afro, para reviver o Maculelê, Samba de Roda, com grupo “Um grito de liberdade”, que junto com a Nádia Fernanda, montaram um corpo de Ballet Afro, na primeira apresentação em frente à Igreja Católica, o Padre proibiu a apresentação, dizendo se tratar de danças profanas, que não condiziam com a realidade da Igreja. Mas no mesmo dia, o Cindinho, que tinha um bar na Rua do Meio, nos abriu espaço para uma linda apresentação de Samba de Roda, Capoeira e Maculelê.

Hoje em dia não só recebe o apoio da Igreja Católica, que sempre celebra as Missas Afros na Festa da Consciência Negra, como mantém dentro da Igreja Católica a Pastoral da Criança Afro.

Conseguiu junto com a Primeira Dama e a frente do Serviço Social na época D. Mariazinha Fazzini no Centro Comunitário espaço onde hoje é o PEII para dar aulas de Capoeira, onde permaneceu por muitos anos, dando aulas gratuitamente, ela juntamente com o Franscisco Ribamar Nunes da Silva, o Mestre Besouro, quem ela também ensinou Capoeira, cuidavam desse espaço como se fosse sua casa, pois ali começaram a compreender a grandeza desse Projeto.

Teve mais dois filhos Thainãn Dos Santos Silva e Matheus dias da Cunha, com Mestre Besouro.

Hoje a Nega da Capoeira, é conhecida por seus projetos Sociais, seu envolvimento forte com a Comunidade, sonhadora, militante do Movimento Negro, protetora de muitos jovens, crianças e mulheres participa ativamente do projeto semear, das sacolas semear de natal, da Amai – Associação do Movimento Afrodescendente de Ilhabela e Gemar Maembipe Escoteiros de Ilhabela, um exemplo de vida, de lutas e conquistas, uma Mulher que não desiste e que busca sempre o melhor para a vida de todos.

Uma forma simples de homenageá-la, com o reconhecimento desta Casa de Leis, o que demonstrará com a votação favorável dos nobres Pares a presente propositura que lhe outorgará o título de “Cidadã Honorário de Ilhabela”.

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